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O que é um documentário e o que é ficção?


Plano de Aula do Filme Barbosa | Documentário, Ficção | De Ana Luiza Azevedo, Jorge Furtado | 1988 | 12 min | RS


Em minha trajetória profissional venho me dedicando ao estudo de propostas que trabalhem os diversos gêneros em sala de aula de forma contextualizada e desafiadora. Questões do tipo: Como formar um bom leitor e escritor? Como trazer propostas que não didatizem a Língua Portuguesa, a ponto de torná-la um amontoado de decorebas? Nesta trajetória, o curta Barbosa, vem ao encontro da idéia de discutir o que é um documentário e o que é ficção.
Toda vez que alguém nos conta que assistiu a um filme interessante perguntamos sobre o que se trata. Se a resposta é de que é um documentário, logo transportamos para o mesmo uma imagem de gênero descritivo/real. Se adicionarmos ao filme a palavra ficção, imediatamente nos transporta ao imaginário/não-real. É possível pensar num documentário-ficção?
Neste filme, um garoto busca através de uma máquina do tempo uma forma de reelaborar o acontecimento que entristeceu a ele e a todos os brasileiros.
A história vai se desdobrando em uma narrativa deliciosa enquanto a versão do garoto vai se configurando.
Somos seres históricos e entender essa dimensão humana é um processo. Estar atento às conjunturas que tecem as nossas relações sócio-econômicas, não é uma tarefa fácil. Para tal, faz-se necessário um olhar crítico, uma atitude participativa, ao mesmo tempo analítica.
Muitas vezes vivemos fatos que mais parecem ficção e facilmente nos vemos na posição de expectadores da vida. Contar uma história é uma forma de perpetuar o fato, a época, os personagens. O documentário é como uma viagem que se repete sob as mais diferentes perspectivas. É uma forma de registro, de se "congelar a realidade". Há fatos que devem ser contados para que as gerações futuras saibam e não cometam os mesmos erros. Outros não podem ser esquecidos, pois são pílulas de esperança. Ainda há aqueles que desejamos contar, compartilhar.
A história apresentada no curta Barbosa, fala de um fato que marcou a população brasileira. No país do futebol, fracassar perante todos os brasileiros, não é algo que se esqueça tão facilmente. De uma forma envolvente, nos convida a voltar ao tempo do personagem, a viver ou reviver uma época que alguns nem viveram.
Leva-nos a um tempo em que "pelada" na rua era lago muito sério! Deixa-nos
uma saudade daquele tempo, cria-se um clima de nostalgia. Realidade e ficção vão se misturando.
Contar histórias sejam fatos ou ficção é algo inerente ao ser humano, que começou esse registro nas paredes das cavernas até os dias de hoje. Que tal, incitarmos em nossos alunos o desejo de recriarem histórias?
A idéia nessa proposta é recriar fatos históricos, confrontando realidade e ficção. O projeto pode ser compartilhado pelos professores de Língua Portuguesa, de História e de Artes.
O desafio está proposto pelo próprio filme e toda a criatividade será bem vinda para dar novas versões a fatos históricos. Não será apenas o Barbosa, outros virão.




Objetivos
➢ Reconhecer que o conhecimento histórico é parte de um conhecimento interdisciplinar

➢ Compreender que as histórias individuais são partes integrantes de histórias coletivas

➢ Situar acontecimentos históricos e localizá-los em uma multiplicidade de tempos

➢ Utilizar a linguagem teatral para recriar fatos históricos.


Situação Didática
A proposta é através da linguagem teatral, representar um momento de nossa História, o movimento pelas Diretas Já. Nossos alunos conhecem as eleições em nosso país, eles não viveram uma época em que o Presidente da República não era eleito. Essa época tem um contexto social e político. Para enriquecer a atividade, sugiro que os grupos tenham diferentes pontos de vista, por exemplo, de um professor, um estudante, um político, etc. O filme Barbosa é um disparador para a proposta, outro filme que pode complementar a atividade, é o filme " O ano em que meus pais saíram de férias, pois este filme retrata a época da ditadura e da Copa de 1970 do ponto de vista de um menino.

1. Iniciar um debate sobre o que vem ser um documentário e o que é ficção. Um dos alunos pode ficar responsável por anotar em um quadro as diferenças elencadas pelos colegas.
2. Assistir ao filme Barbosa.
3. Reiniciar o debate, discutindo sobre a relação: Documentário e Ficção, utilizando o filme como elemento desencadeador.
4. Propor a formação de grupos. Usar esse espaço para discutir sobre a importância do trabalho em equipe, como dividir funções e tarefas. Lembrando que os conteúdos atitudinais permeiam e devem ser objetivos de todo trabalho pedagógico desenvolvido. Fazer um contrato didático para estabelecer os combinados.
5. Cada grupo deverá escolher um fato histórico que queira representar, ou o professor pode determinar uma época, dependendo dos objetivos a serem alcançados.
6. A tarefa de cada grupo será apresentar através da linguagem teatral o fato sob a perspectiva de um documentário e outro sob ficção. O professor de Artes pode atuar desenvolvendo o trabalho de criação dos textos e elaboração dos diálogos ou outras técnicas a serem utilizadas, configurando um trabalho transdisciplinar. O professor de Língua Portuguesa pode trabalhar a questão dos diálogos, termos de época, e etc. e o professor de história na orientação da escolha do fato histórico, bem como, das fontes de pesquisa.
7. O resultado final pode ser compartilhado em um Festival de teatro para a comunidade escolar, com apresentações seguidas de debates sobre os temas abordados. Cada grupo pode ser o mediador do debate sobre o tema. Assim os alunos protagonizam integralmente o processo de ensino-aprendizagem.
8. Após as apresentações e debates, o professor pode retomar o quadro inicial no qual definiram documentárias e ficção e verificar quais foram os avanços no assunto.
9. A avaliação é uma etapa importante do processo. Sugiro que o professor faça um quadro logo no inicio dos trabalhos, sobre quais elementos os alunos julgam necessários para serem avaliados: o professor faz intervenções e a classe, em conjunto, constrói o própria avaliação. Depois o professor transforma esse levantamento em um check-list e os grupos, no final, respondem a essa avaliação. O professor pode utilizar o mesmo instrumento dando sua visão do avanço de cada grupo.


Comentários
UM POUCO MAIS...

Para quem quiser aprofundar o trabalho sobre documentários há vários outros filmes no site Porta Curtas.

Os alunos podem tentar entrevistar on line algum diretor de documentário.

Há ainda a possibilidade dos alunos entrarem em comunidades virtuais sobre documentários e aprofundarem a discussão com outras pessoas.

É possível organizar a publicação das produções dos alunos na Internet, usando, por exemplo, o Youtube ou videoblogs.


Pedagogo Autor do Plano de Aula
Cecília Oliveira Prado


Formação: Mestrado em Educação: História, Política, Sociedade. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, Brasil. Especialização em Tecnologias Interativas Aplicadas a Educação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, Brasil.Graduação em Pedagogia. UMESP, Brasil.
Atividades Profissionais: Professora no curso de Pedagogia. Disciplinas: Metodologia e Pratica da Língua Portuguesa, Metodologia e Prática da Alfabetização, Linguagem e Literatura Infantil e Práticas, Estágio Supervisionado: Ensino Fundamental. Gestora Escolar em escola da rede pública municipal
Publicações: PRADO, Cecilia de Oliveira . A escola publica e o recebimento de recurso. São Paulo: Psicopedagogia Online, 2005.
Nível: Ensino Superior
Instituição: UNIMES | | SP