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Cinema e cultura nacional no início dos anos 1990: A crise do período Collor


Plano de Aula do Filme Emprego Temporário | Experimental, Ficção | De Leonardo Esteves | 2007 | 4 min | RJ


- É filme nacional meu filho! - Diz o bilheteiro na porta do cinema, para duas almas aparentemente perdidas no meio da cidade grande. O alerta foi dado. Enquanto folheia sua revista, o funcionário daquele estabelecimento cinematográfico teve a preocupação de dizer, com todas as palavras e, em alto e bom som, o que esperava os dois cidadãos postados a sua frente, com dinheiro na mão, dispostos a entrar. Era como se ele estivesse alertando o carteiro, por exemplo, a não entrar numa determinada casa porque ali tinham um cachorro perigoso. Assistir filmes brasileiros, no início dos anos 1990, em pleno governo Collor, do ponto de vista daquele bilheteiro (e de tantas outras pessoas), seria tão prazeroso quanto ingerir óleo de rícino ou, no mínimo, tão agradável quanto uma porção de chuchu cozido, sem muito tempero... Emprego Temporário, curta de Leonardo Esteves, traz à tona a percepção que as pessoas tinham do cinema brasileiro durante o período em que a Embrafilme, estatal brasileira que financiava a produção fílmica nacional, estava sendo extinta por Fernando Collor de Mello, o nem um pouco saudoso caçador de marajas, eleito presidente em 1989. E esta compreensão da Sétima Arte brasileira naquele ínterim não era nada positiva. Quando um funcionário do próprio cinema se preocupa em alertar os dois incautos candidatos a espectadores de mais uma obra brasileira sobre o que teriam pela frente torna-se realmente preocupante, ao mesmo tempo que irônica, a situação.




Objetivos
E de que forma esse curta-metragem pode nos ajudar se pensarmos nele como subsídio cultural e educacional para realizarmos um trabalho em sala de aula? Há várias questões a serem exploradas. Poderíamos começar pelas políticas públicas de incentivo a produção cinematográfica e cultural no país. Que incentivos existem? Como estão sendo utilizados? Que resultados têm surgido no cinema, teatro, artes plásticas, dança e música? Outra perspectiva a ser explorada refere-se ao próprio exame que se faz necessário, passados alguns anos dos acontecimentos, o que nos permite certo distanciamento e maior serenidade na apreciação dos fatos, do governo de Fernando Collor. A despeito da figura ou do personagem Collor, o que realmente aconteceu naquele período? Para o bem e para o mal, seja em cultura e cinema, ou em outras áreas de atuação governamental, quais foram os resultados obtidos então?

Situação Didática
Produção diferenciada, com narrativa ao fundo, interpretação que nos faz pensar a partir mais do elemento corporal, da presença e ação propriamente ditos, Emprego Temporário destina-se as disciplinas de humanas, como sociologia, filosofia, história ou ainda, como subsídio para artes e redações. Aplica-se, pelo nível de complexidade e abstração, a alunos de Ensino Médio, EJA (Educação de Jovens e Adultos) ou Universitários.

Comentários
Leonardo Esteves torna o cinema nacional um ato marginal nesta breve leitura realizada em seu curta. Marginal porque periférico, em cinema de bairro, longe da comodidade das salas de shopping centers, onde o conforto e as facilidades ali existentes são prerrogativas associadas aos blockbusters americanos e não a produção terceiro-mundista ou emergente dos brasileiros... Até quando seremos marginais? Até quando? E, afinal de contas, isso é bom ou ruim? Por João Luís de Almeida Machado, apreciador do cinema nacional de ontem e de hoje, que acredita que ser marginal, neste caso, não soa tão mal, parecendo até elogio por não nos fazer cair em estereótipos e modelos prontos como os do cinemão, nos dando um ar mais questionador...

Pedagogo Autor do Plano de Aula
João Luíz de Almeida Machado