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Ferramentas tecnológicas em projetos pedagógicos


Plano de Aula do Filme Dadá | Documentário, Ficção | De Eduardo Vaisman | 2001 | 20 min | RJ


De acordo com dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
- PNAD
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE a oferta de emprego para jovens abaixo de 25 anos no Brasil em 2006 foi pior do que em 1996. Tanto homens quanto mulheres foram prejudicados pelo encolhimento do mercado. No grupo de pessoas com 18 e 19 anos, a queda foi superior a três pontos, indo de 55,1% em 1996 para 51,8% em 2006.
Os dados revelam ainda que, nos grandes centros, é muito mais difícil conseguir trabalho sem escolaridade. Até dos trabalhadores da construção civil costuma-se agora exigir, no mínimo, o ensino fundamental.
A Pesquisa mostra, porém, que na área da Educação houve avanços. Por exemplo: na faixa etária de 7 a 14 anos, que corresponde ao ensino fundamental, a freqüência escolar estava praticamente universalizada em 2005 em todo país - embora, com base nos dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP seja possível afirmar que apenas 53,5% dos alunos concluíam o curso em tempo médio de dez anos. Quando passamos para a faixa etária compreendida entre 15 a 17 anos verifica-se que ainda existe grande desigualdade de oportunidades no acesso à escola, mas não podemos deixar de
apontar
que, entre 1995 e 2005, a freqüência escolar neste grupo aumentou bastante, principalmente entre as classes de rendimento mais baixo.
O ensino superior registrou também um aumento devido ao fornecimento de bolsas de estudo às classes mais baixas via ProUni, Programa do Ministério da Educação.
Embora, em uma primeira análise, possamos dizer que apesar da queda no número de empregos para as faixas etárias mais jovens, o Brasil está passando por melhorias significativas em termos de acesso à Educação, não podemos fechar os olhos para a questão do aumento das mães adolescentes. A pesquisa revela que de 2004 para 2005, a proporção de nascimentos entre meninas de 15 a 17 anos de idade passou de 6,8% para 7,1%.
Outro dado relevante da pesquisa está no fato de que enquanto os brancos representavam 26,5% dos 10% mais pobres e 88% do 1% mais rico, os pretos e pardos eram quase 74% entre os mais pobres e pouco mais de 11% dos mais ricos.
Todos esses dados deixam claro que apesar dos esforços que vem sendo feitos no sentido de diminuir as desigualdades sociais no Brasil existe ainda um grande caminho a ser percorrido, o que pode muitas vezes levar os jovens a questionarem se é possível conseguir vencer honestamente. Ao lado deste cenário de tentativa de crescimento existe o mundo do crime que oferece, apesar dos riscos, uma possibilidade de ascensão rápida pelo dinheiro.
O curta "Dada" apresenta o dilema dos jovens que buscam algo melhor em meio à miséria, ao crime e à falta de emprego, que prevalecem onde vivem.
Dílson, Dadá e Denis são três personagens fictícios e amigos inseparáveis. Jonathan, Thaísa e Jésus são três atores que participam de um curta-metragem. Como pano de fundo para ficção e realidade, o morro do Vidigal.
A História fictícia mostra a vida de uma adolescente, que tem dois amigos, ela engravida de um bandido, mas a comunidade acha que é de um dos dois e eles entre si também desconfiam da possibilidade.
Durante a filmagem o diretor vai mesclando a ficção com a realidade e os jovens atores discutem as questões sociais que os afligem, tais como: a visão que as pessoas têm daqueles que vivem na favela - que todos são bandidos a gravidez precoce a falta de emprego e de oportunidades entre outros.
Outro ponto marcante do filme é quando os jovens afirmam que viram na arte (teatro) uma forma de buscar um mundo melhor para eles.De acordo com comentários do diretor ao final do roteiro: "Hoje Jésus se mudou do Vidigal e é pára-quedista do exército. Thaísa quer fazer vestibular para cinema. Jonathan já fez vários trabalhos para televisão e acaba de atuar em um longa-metragem. Os atores desse filme fazem parte do grupo de teatro" Nós do morro "que existe no Vidigal desde 1986."
O curta trabalha com questões cotidianas da desigualdade brasileira rompendo a barreira do morro do Vidigal e passando a ser uma representação das inquietações dos jovens brasileiros, das classes menos favorecidas e que buscam formas de ascensão social.
A sugestão de atividade está ligada ao trabalho com ferramentas tecnológicas. O desafio é o de incorporar as ferramentas tecnológicas em projetos pedagógicos inovadores e participativos, envolvendo diversas áreas do conhecimento, partindo de um filme que possibilita vários caminhos interessantes para temas de projetos. A proposta é a utilização de blog e de um e-jornal (também uma versão mural).




Objetivos
Objetivo geral:

Contribuir para uma visão integrada da realidade social onde se discuta as diferenças sociais as desigualdades, a violência a gravidez na adolescência entre outros e as possibilidades de os jovens se perceberem protagonistas da própria história.


Objetivos específicos:

 Desenvolver competências de escrita e leitura colaborativa
 Desenvolver competências de raciocínio crítico quando da procura, seleção e organização das informações sobre o tema escolhido
 Escrever diferentes tipos de artigos (entrevistas, notícias, reportagens, crônicas etc) que serão publicados nos jornais da escola e depois comentados em murais e discutidos no Blog
 Aprender as regras básicas de escrita e design gráfico na web assim como tirar fotos digitais e usá-las nos artigos
 Utilizar ferramentas colaborativas das TIC para publicação, edição, emissão de comentários e, se disponível, artigos de opinião etc.


Situação Didática
O professor irá primeiramente preparar os alunos para a apresentação do Curta. Com uma semana de antecedência deve solicitar aos alunos que procurem noticias em jornais, revistas, Internet que abordem o tema desigualdade entre os jovens (acesso à educação, emprego, moradia, lazer etc).

Será então apresentado o filme e depois da apresentação será realizado um primeiro debate, pois, com certeza, os alunos estarão ansiosos para conversar sobre o assunto. O professor pode lançar algumas questões para provocar a discussão:

 Qual o nível de desigualdade entre os segmentos da população brasileira? (homens/mulheres: brancos/negros etc.)
 Qual a política atual voltada para a solução de problemas em relação à desigualdade social? E em relação a outros tipos de desigualdade pouco respeitadas tais como a religiosa, étnica etc.
 Na opinião dos alunos, quais seriam as medidas efetivas que minimizariam essas questões?
 Qual o papel da educação nesse processo?
 Quais as medidas efetivas que poderiam ser apresentadas para minimizar o problema da gravidez na adolescência?

A discussão não terá um fim, e esse é o objetivo do trabalho nesse momento. O professor irá então propor os próximos passos que são: a criação do e-jornal e do blog.


E - jornal:

É uma estrutura organizada contendo artigos jornalísticos, fotos, charges, anúncios etc e que é veiculado em meio digital - Internet.


Para se produzir um Jornal:

1. Levantar o tema e a abordagem que será dada - (pauta)
2. Pesquisar sobre o assunto em diversas fontes - (pesquisa)
3. Escolher a técnica, por exemplo, reportagem, entrevista, crônica etc.
4. Escrever um roteiro de perguntas.
5. Realizar as entrevistas (se for necessário).
6. Planejar a elaboração do texto - destacar o que é mais importante em tudo o que foi pesquisado e nas entrevistas para estar no início do texto e depois assinalar quais as informações que entraram na seqüência do mesmo.
7. Escrever a primeira visão do texto.
8. Submeter à apreciação do grupo (editores).
9. A partir das observações do grupo escrever a versão final do texto.
10. Nunca se esquecer de citar as fontes de pesquisa.


Passo-a-passo

 Familiarização com as ferramentas TIC necessárias ao projeto (editor de texto, Internet, editor de html, programa de edição de imagem etc)
 Organização dos grupos de trabalho em editorias para a captação de informação e o processo de escrita colaborativa
 Com a ajuda dos professores, decidir quem será responsável por cada tarefa (recolher informação, escrever esboços, tirar fotografias, lidar com as ferramentas TIC, recolha bibliográfica, etc.)
 Decidir as editorias do e-jornal e chegar a uma concordância com os colegas (por exemplo, educação, sexo x drogas, lazer, política etc.)
 Realizar a reunião de pauta
 Escolher a abordagem jornalística de acordo com o tema (entrevistas, noticias, reportagens, foto-reportagem, investigação, composições, crônicas .)
 Adquirir competências lingüísticas necessárias ao cumprimento da tarefa: através da leitura e análise de artigos similares escritos por jornalistas profissionais, estudo do vocabulário relacionado com o tema, etc.


Para a seleção de informação:

 Os alunos procuram, selecionam e organizam o material sobre a sua pauta (via Internet e/ou biblioteca)
 Expõem suas idéias e preparam esboços dos artigos respeitando a abordagem jornalística escolhida
 Decidem o layout e as imagens que serão incluídas no trabalho como forma de ilustrar a idéia principal do texto
 Os professores acompanham o trabalho dos alunos, oferecem orientação ao longo de todo o processo e ajudam-nos a lidar com os desafios da escrita da matéria jornalística
 Os textos são submetidos então aos demais membros da equipe que irão dar sugestões podendo ou não acrescentar propostas para o texto final
 Na redação da versão final do artigo os alunos levam em consideração os comentários emitidos pelos outros membros da equipe registram as fontes de informação de forma apropriada e inserem o artigo no Espaço Virtual do e-jornal


Para criar um espaço de trabalho colaborativo:

 Os alunos lêem os artigos dos seus colegas
 Trocam comentários e avaliam-nos, observando a qualidade da linguagem, conteúdo, layout e relevância das imagens
 Os comentários poderão ser realizados no blog no espaço reservado ao trabalho de equipe ou em um espaço de idéias delimitado na parede da sala de aula ou corredores da escola
 Os melhores trabalhos (leva-se em conta aqui: o tema, a pesquisa realizada para a captação de informações, a seleção de imagens, a realização de entrevistas e a qualidade do texto final) receberão uma versão impressa que será afixada em forma de mural em pontos estratégicos da escola e da comunidade do entorno.


Jornal Mural

Constitui uma das formas mais rápidas e eficientes de comunicação com os leitores. Instrumento dinâmico abre espaço para um conjunto de informações que muitas vezes não são focalizadas pelos veículos diários.



Comentários
Material Necessário para elaboração do jornal mural:

- Papéis de grandes dimensões
- Canetas coloridas de ponta grossa
- Tesouras
- Cola
- Fita crepe
- Revistas velhas

Os alunos que trabalharam em cada uma das editorias para a versão virtual irão selecionar aquelas que foram mais lidas para fazer parte do Mural. Caso a Escola não venha a desenvolver a versão virtual do jornal irão para os murais as matérias elaboradas pelos alunos (o processo de produção será o mesmo do e-jornal), ou seja:

1. Escolher os temas a serem pesquisados: realizar uma reunião para escolha dos temas e também para se escolher um nome para o jornal.
2. Reunião de pauta: neste momento será definido o que deverá ser feito dentro de cada tema (o enfoque para a matéria, o estilo e também se terá entrevista, fotos etc.) É importante fazer com que o editor defina enfoques e distribua tarefas, determinando prazos. O professor deverá explicar o conceito e o compromisso de periodicidade e atualidade.
3. Elaboração do Texto
4. Análise do grupo
5. Revisão e elaboração do texto final
6. Montagem do jornal mural: cada editoria deverá usar um papel de grandes dimensões, escrever a reportagem e fazer uma composição com imagens que podem ser recortadas de jornais e revistas. É interessante utilizar recursos visuais, como as canetinhas e tintas, para dar destaque aos assuntos. O texto para o jornal mural deve ser formado por frases curtas, uma vez que o leitor estará lendo as notícias em pé, a uma distância de aproximadamente 1,5m.
7. O processo de construção do jornal propicia aprendizagem, integração além de ser uma atividade estimulante. Por este motivo é aconselhável que ao término dos trabalhos se faça uma reflexão para avaliação do processo.


O BLOG

Os blogs estão deixando de ser apenas "diário virtual para adolescentes" para virar um espaço de discussões e fonte de informações para muitos setores. Atualmente vários jornalistas estão criando os seus próprios blogs, a fim de manterem um canal próprio de informação e discussão. Essa nova forma de se comunicar começa a contagiar os alunos, que vêem nos blogs uma alternativa para discutir os temas que lhes interessam e afligem.

Na proposta dessa seqüência o blog será utilizado como suporte ao e-jornal e será utilizado dividido em duas partes:

 A primeira como um espaço de discussão e análise da equipe envolvida - Espaço Trabalho da Equipe.
 A segunda como um espaço de discussão dos temas das matérias e também para que a comunidade possa sugerir novas pautas e participar de novas produções.

Pedagogo Autor do Plano de Aula
Maria Elizabeth B. Almeida


Formação: Graduação em Matemática pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1973), Mestrado em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1996) e doutorado em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2000).
Atividades Profissionais: Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Depto de Ciência da Computação, da PUC/SP. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Tecnologia e Formação de Educadores, atuando principalmente nos seguintes temas: tecnologias na escola, educação a distância, tecnologia e formação de educadores, inclusão digital, gestão escolar e tecnologias.
Publicações: MASETTO, M. T. ; ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de ; ALONSO, Myrtes . Teacher Education in a Digital Environment: an interdisciplinarity experience in a graduate course. Informática na Educação, v. 8, p. 49-60, 2006. ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de . Tecnologias na educação, formação de educadores e recursividade entre teoria e prática: trajetória do Programa de Pós-Graduação em Educação e Currículo. Revista E-Curriculum, Internet, v. 1, n. 1, 2005.
Nível: Ensino Superior
Instituição: PUC/ SP | | SP